sábado, 19 de março de 2011

X Campeonato Brasileiro de Barista


Competições paralelas ganham espaço e conquistam o público na 10ª Edição do Campeonato Brasileiro de Barista

Marco De La Roche foi o tricampeão do Coffe In Good Spirits, Carolina Franco bicampeã do Cup Tasters e Felipe Oliveira levou a melhor no Latte Art

O mundo cafeeiro esteve em ritmo frenético esta semana, com a realização do 10º Campeonato Brasileiro de Barista em São Paulo, capital. Como todos os anos, as chamadas “competições paralelas”, o Campeonato Brasileiro de Latte Art, o Coffee In Good Spirits Brasil e Campeonato Brasileiro de Cup Tasters, aconteceram dentro da programação principal, reunindo baristas, mixólogos, classificadores e claro, apaixonados por café. Este ano os torneios secundários tiveram bastante destaque, seja por conta do apuro técnico dos participantes ou pela participação intensa do público, que se dividia em torcidas a cada prova. O formato de apresentação em duplas certamente ajudou a imprimir uma dinâmica mais competitiva aos campeonatos paralelos (no campeonato principal, os baristas se apresentam individualmente), apesar dos jurados frisarem que os candidatos não competem diretamente um com o outro.


4º Campeonato Brasileiro de Latte Art


Um dos campeonatos mais famosos do CBB, o Latte Art é disputado por especialistas na arte de desenhar figuras com leite na superfície do café espresso. Os candidatos ganham pontos pela melhor performance sensorial e criatividade no visual da bebida . O regulamento exige que sejam preparados e servidos, em 8 minutos, dois cappuccinos com latte art idênticos, usando apenas leite, café, máquina de espresso e leiteira; dois macchiatos, da mesma maneira que os cappuccinos; e duas bebidas à base de leite e café, usando quaisquer ferramentas e ingredientes de decoração. O desenho do latte é anunciado com antecedência (o barista entrega uma foto aos juízes antes da prova). O barista campeão deste ano foi o paranaense Felipe Oliveira (Lucca Cafés Especiais), que irá representar o Brasil no mundial de Latte Art deste ano na Holanda.


Felipe foi o primeiro candidato a se apresentar na segunda-feira (13), ao lado de Piero Farias (Octávio Café). Felipe, que desenhou tulipas e rosetas durante a prova obteve as melhores notas do dia. Em seguida, se apresentaram Juliano Portal (Press Café) e Eder Ferreira (il Barista) que apesar dos desenhos impressionantes, que incluíam um índio e uma fênix, estavam visivelmente nervosos. “Aqui você não tem tempo de voltar atrás”, disse Eder. Lucas Salomão (Libermac), que se apresentou por último na companhia de Bruno Ferreira (Octávio Café), prestou uma homenagem às vítimas do terremoto do Japão e desenhou um urso panda triste no cappuccino. Curioso, perguntei ao Lucas o porque do urso panda, já que estes animais na verdade são típicos das florestas da China e ele, com muito bom humor, me respondeu: “São países vizinhos!”.


4º Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits


Nesta competição, os baristas precisam preparar bebidas alcoólicas à base de café. Cada competidor deverá servir, em 8 minutos, dois irish coffees com uísque, açúcar, café e creme e duas bebidas quentes ou frias, com álcool e ingredientes livres. Assim como no Campeonato de Latte Art, são avaliados os aspectos sensoriais e visuais da bebida. Pelo terceiro ano consecutivo, o campeão foi o mixologista Marco De La Roche, com seu drink Escarlate 27, descrito por ele como “um passeio pelos sabores vermelhos, com notas ousadas e aromas marcantes”.


O café escolhido por Marco para o preparo do drink vem da Estância São Francisco, que apresenta alta doçura, acidez média, amargor equilibrado em notas carameladas e amendoadas com um final cítrico. A numeração do titulo faz referência aos 27 ingredientes utilizados pelo mixologista para preparar a bebida, que pode ser degustada pelo público por meio de pequenas amostras distribuídas durante a apresentação.


A barista mineira Helga Andrade (Clube Barista) foi a segunda colocada do Coffee In Good Spirits. Ela preparou o drink “Sangria de Café”, uma bebida bem brasileira feita com café coado, cachaça mineira e uma redução de niágora. Helga se apresentou ao lado da paulistana Luciana Digna (il Barista), que prestou uma homenagem às mulheres com seu “Pretty Woman”, drink feito com café orgânico da fazenda sertãozinho, conhaque e ingredientes doces. Todos os equipamentos utilizados por ela eram vermelhos, para ressaltar a feminilidade da apresentação. “O mundo do café ainda é muito masculino, o próprio nome da profissão é 'o barista', então quis dar um toque feminino a minha participação”, contou.


Também se destacaram nesta edição do Coffee In Good Spirits os baristas Marcos Andrade (Cafeteria do Museu) e Antônio Roberto (Press Café), que trouxeram dois drinks sem nome definido. Marcos disse pretende batizar a sua bebida, uma mistura de café, cachaça e xarope de granadine, como “Woman's Month”, por conta do mês de março, no qual se comemora internacionalmente o dia da mulher. Terceiro colocado na competição, Antônio, ainda não sabe que nome dar à sua mais nova criação, uma mistura de café feito na french press, vodka e suco de lima da pérsia.


3º Campeonato Brasileiro de Cup Tasters


Esta é uma prova de avaliação sensorial do café, destinada a provadores e classificadores profissionais. Em 2010, foi aberta a participação de baristas e apaixonados por café. A competição consiste em oito testes triangulares: de três xícaras, duas trazem o mesmo café, e o competidor deverá identificá-lo. De cada dupla competidora, ganha quem acertar o maior número de cafés. Pelo segundo ano consecutivo, a vencedora foi a classificadora de cafés Carolina Franco, do Lucca Cafés Especiais (PR), que na prova final acertou todas as oito trincas de café em 2 minutos e 35 segundos. Rodrigo Anunciato (Queiroz de Moraes, SP) ficou em segundo e Wellington Carlos em terceiro. O nível da competição foi considerado alto pelos participantes. “Este ano senti mais dificuldade em identificar os cafés, ano passado meu desempenho foi melhor”, disse Ricardo Aloíse, classificador de cafés que, apesar do tom modesto, chegou às finais após um aproveitamento de quase 100% nas etapas classificatórias.

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