Em busca de sabores peculiares, produtores adicionam café, cacau e frutas às cervejas
Desde que foi criada lei de pureza da Baviera, que preconiza desde 1516 que cerveja seja feita apenas com cevada, água e lúpulo, existem grupos de produtores a desafiá-la. Para eles, não bastam as diferentes torras dos maltes e os inúmeros tipos de lúpulo, a trepadeira responsável pelo amargor característico da bebida, é preciso ir além. Alguns desses inventivos criadores de bebidas extrapolam ainda os outros grãos já assimilados na cultura cervejeira – como o trigo – e partem para “aditivos” que vão dar sabores peculiares ao produto final, entre eles cacau, café, especiarias e frutas.
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Segundo Mauricio Beltramelli, mestre em estilos de cerveja e avaliação formado pelo Siebel Institute de Chicago (EUA) e responsável pelo fórum brasileiro Brejas, não há limites para a inclusão de ingredientes. Para ele, os países europeus que inovam mais são a Bélgica e a Inglaterra, enquanto os EUA trabalham com ousadia. “Há até uma cervejaria, a Dog Fish Head, que faz a cerveja Chicha, baseada numa receita indígena que leva milho mastigado”, relata.
Como é de se imaginar, os resultados são os mais diversos e podem resultar em uma cerveja com estilo próprio – como as Fruit Lambic, feitas com frutas (leia mais abaixo) – ou agregar nuances a tipos tradicionais, como ocorre com as de trigo belgas, que muitas vezes recebem coentro e cascas de laranja na composição. Essa tem sido a diretriz do trabalho da cervejaria paulista Colorado, de Ribeirão Preto, que tem algum ingrediente extra na composição de todos os seus rótulos e atualmente estuda um produto com pimenta na composição. “Há espaço para essa criatividade no Brasil”, afirma Maurício.
Ainda que seja muito chamativa, a adição de tais sabores pode limitar o público, mesmo dentro do universo dos consumidores de cervejas especiais. “É um público específico. Um nicho dentro de um nicho”, diz Rodolfo Alves, sócio da loja Mr Beer. Para ele, as fruit beers e outras cervejas com sabores diferentes atraem principalmente o público que já é familiarizado com as cervejas especiais “mas que quer buscar novas experiências gustativas”.
Ele também vê o crescimento de venda, especialmente das fruit beers, como cartão de visitas para o consumo de cervejas premium. “Além do sabor frutado, elas têm uma bela apresentação: rótulo colorido, são fechadas com rolha (que lembram um champanhe) e devem ser bebidas em taça flût. Mulheres que não gostam de cervejas tradicionais muitas vezes são conquistadas por elas”, afirma.
Rodolfo acredita que a Colorado é um caso à parte e que “matou dois coelhos” na forma de criar sua linha. “Além de se diferenciar por esses ingredientes, agregou ‘brasilidade’ à bebida. Como tenho lojas em aeroportos, percebo que os turistas ficam muito atraídos por essas cervejas”, conta.
Lambic, uma cerveja particular. Entre as que recebem aditivos, talvez as mais famosas no universo cervejeiro sejam as Lambic. Além dos ingredientes extras, essas cervejas passam por um método de produção muito particular, com o uso de fermentação espontânea. A produção se concentra no Vale do Senne, um pequeno trecho de terra ao redor de Bruxelas, e ocorre apenas entre outubro e abril (período mais frio na Europa). A escolha do clima se dá para que a cerveja, depois de passar pela etapa de brassagem seja despejado em piscinas de cobre que ficam expostas – e, logo, fique disponível para o ataque das leveduras “selvagens”.
Esse método peculiar, somado ao fato de que as lambics depois repousam em barris de carvalho por até três anos, confere sabores muito particulares à bebida, que podem parecer estranhos ao primeiro gole. Azedo, salgado e seco são adjetivos comuns para esses rótulos.
Mas existem outros tipos mais amenos: a Lambic Gueuze tem sabor mais sutil por consistir em uma espécie de “blend” de lambics em vários estágios de envelhecimento. Já as fruit lambic recebem toques de frutas na composição. O uso de cerejas (lê-se “kriek” no rótulo), framboesa e amoras é comum, mas há produtores que utilizam damasco, uva e até banana. Vale ressaltar que nem toda cerveja que recebe fruta é necessariamente uma Lambic – as que não passam pela fermentação natural são denominadas apenas “fruit beers”.
Chocolate, café e otras cositas más. Entre os rótulos disponíveis no mercado, há uma perceptível predominância de café e cacau como aditivos, que parecem muito adequados às cervejas mais escuras – resultante de malte torrado. Já o mel aparece em rótulos mais refrescantes.
Na Europa, existem ainda os chamados alcoolpop, que misturam o conceito de cerveja ao de refrigerantes, resultando em cervejas de limão, cola e outros, mas são desprezados pelos tradicionalistas.
Cerveja feita em casa
Um guia para apreciar a cerveja Pilsen
Segundo Mauricio Beltramelli, mestre em estilos de cerveja e avaliação formado pelo Siebel Institute de Chicago (EUA) e responsável pelo fórum brasileiro Brejas, não há limites para a inclusão de ingredientes. Para ele, os países europeus que inovam mais são a Bélgica e a Inglaterra, enquanto os EUA trabalham com ousadia. “Há até uma cervejaria, a Dog Fish Head, que faz a cerveja Chicha, baseada numa receita indígena que leva milho mastigado”, relata.
Como é de se imaginar, os resultados são os mais diversos e podem resultar em uma cerveja com estilo próprio – como as Fruit Lambic, feitas com frutas (leia mais abaixo) – ou agregar nuances a tipos tradicionais, como ocorre com as de trigo belgas, que muitas vezes recebem coentro e cascas de laranja na composição. Essa tem sido a diretriz do trabalho da cervejaria paulista Colorado, de Ribeirão Preto, que tem algum ingrediente extra na composição de todos os seus rótulos e atualmente estuda um produto com pimenta na composição. “Há espaço para essa criatividade no Brasil”, afirma Maurício.
Ainda que seja muito chamativa, a adição de tais sabores pode limitar o público, mesmo dentro do universo dos consumidores de cervejas especiais. “É um público específico. Um nicho dentro de um nicho”, diz Rodolfo Alves, sócio da loja Mr Beer. Para ele, as fruit beers e outras cervejas com sabores diferentes atraem principalmente o público que já é familiarizado com as cervejas especiais “mas que quer buscar novas experiências gustativas”.
Ele também vê o crescimento de venda, especialmente das fruit beers, como cartão de visitas para o consumo de cervejas premium. “Além do sabor frutado, elas têm uma bela apresentação: rótulo colorido, são fechadas com rolha (que lembram um champanhe) e devem ser bebidas em taça flût. Mulheres que não gostam de cervejas tradicionais muitas vezes são conquistadas por elas”, afirma.
Rodolfo acredita que a Colorado é um caso à parte e que “matou dois coelhos” na forma de criar sua linha. “Além de se diferenciar por esses ingredientes, agregou ‘brasilidade’ à bebida. Como tenho lojas em aeroportos, percebo que os turistas ficam muito atraídos por essas cervejas”, conta.
Lambic, uma cerveja particular. Entre as que recebem aditivos, talvez as mais famosas no universo cervejeiro sejam as Lambic. Além dos ingredientes extras, essas cervejas passam por um método de produção muito particular, com o uso de fermentação espontânea. A produção se concentra no Vale do Senne, um pequeno trecho de terra ao redor de Bruxelas, e ocorre apenas entre outubro e abril (período mais frio na Europa). A escolha do clima se dá para que a cerveja, depois de passar pela etapa de brassagem seja despejado em piscinas de cobre que ficam expostas – e, logo, fique disponível para o ataque das leveduras “selvagens”.
Esse método peculiar, somado ao fato de que as lambics depois repousam em barris de carvalho por até três anos, confere sabores muito particulares à bebida, que podem parecer estranhos ao primeiro gole. Azedo, salgado e seco são adjetivos comuns para esses rótulos.
Mas existem outros tipos mais amenos: a Lambic Gueuze tem sabor mais sutil por consistir em uma espécie de “blend” de lambics em vários estágios de envelhecimento. Já as fruit lambic recebem toques de frutas na composição. O uso de cerejas (lê-se “kriek” no rótulo), framboesa e amoras é comum, mas há produtores que utilizam damasco, uva e até banana. Vale ressaltar que nem toda cerveja que recebe fruta é necessariamente uma Lambic – as que não passam pela fermentação natural são denominadas apenas “fruit beers”.
Chocolate, café e otras cositas más. Entre os rótulos disponíveis no mercado, há uma perceptível predominância de café e cacau como aditivos, que parecem muito adequados às cervejas mais escuras – resultante de malte torrado. Já o mel aparece em rótulos mais refrescantes.
Na Europa, existem ainda os chamados alcoolpop, que misturam o conceito de cerveja ao de refrigerantes, resultando em cervejas de limão, cola e outros, mas são desprezados pelos tradicionalistas.
Colorado Demoiselle – Segue o estilo Porter, de alta fermentação, típico da Inglaterra. A brasilidade aparece na adição do café, que deixa essa cerveja bem particular e muito boa para acompanhar sobremesas, especialmente feitas com chocolate. 6% de graduação alcoólica, não deve ser consumida muito gelada (8o a 12o). Onde comprar/ degustar: www.costibebidas.com.br
Colorado Cauim – A pilsen da cervejaria de Ribeirão Preto tem todas as características do estilo: é leve e refrescante. O toque “extra” vem pela adição de mandioca na composição. 4,5% de graduação alcoólica. Onde comprar/ degustar: rede Pão de Açúcar
Colorado Indica – Segue a receita das Indian Pale Ale, cervejas que nasceram na Índia para atender os colonizadores ingleses. Caracteriza-se pela forte presença de lúpulo e pela adição de rapadura. É a mais premiada e elogiada da família Colorado. 7% de teor alcoólico.
Onde comprar/ degustar: www.beershop.com.br
Colorado Appia – É a weizenbier da fabricante. Além da composição clássica (maltes de cevada e trigo, lúpulo, leveduras e água), leva mel em sua composição. O resultado é leve e refrescante e fica surpreendente para consumir com queijos. 5,5% de graduação alcoólica. Onde comprar/ degustar:www.puromalte.com.br
Backer Brown – É elaborada com maltes torrados e passa por um processo de alta fermentação. Em sua fórmula, recebe ainda aroma natural de chocolate, que confere aroma e sabor particulares. É indicada para acompanhar sobremesas, pratos fortes (como feijoada e defumados em geral) ou mesmo fazer companhia para um charuto. 4.5% de teor alcoólico. Onde comprar/ degustar:lojabacker.com.br
Double Chocolat – Produzida pela cervejaria inglesa Young’s, é uma stout elaborada com late de cacau e chocolate. Não deve ser consumida muito gelada (em torno de 12o). Onde comprar: Mr beer
Wells Banana Bread – Eis um caso de cerveja com fruta que não é uma Lambic. A Wells é uma cerveja inglesa feita com banana com 5.2% de teor alcoólico, classificada apenas como “fruit beer”. Onde degustar: Bar Brejas
Fullers Organic Honey Dew – Com mel orgânico em sua fórmula, foi desenvolvida para ser consumida em dias quentes e o fabricante sugere que tomá-la com gelo e limão. Tem cor dourada e creme denso e persistente. 5% de graduação alcoólica. Onde comprar: www.cervejagourmet.com
Colorado Cauim – A pilsen da cervejaria de Ribeirão Preto tem todas as características do estilo: é leve e refrescante. O toque “extra” vem pela adição de mandioca na composição. 4,5% de graduação alcoólica. Onde comprar/ degustar: rede Pão de Açúcar
Colorado Indica – Segue a receita das Indian Pale Ale, cervejas que nasceram na Índia para atender os colonizadores ingleses. Caracteriza-se pela forte presença de lúpulo e pela adição de rapadura. É a mais premiada e elogiada da família Colorado. 7% de teor alcoólico.
Onde comprar/ degustar: www.beershop.com.br
Colorado Appia – É a weizenbier da fabricante. Além da composição clássica (maltes de cevada e trigo, lúpulo, leveduras e água), leva mel em sua composição. O resultado é leve e refrescante e fica surpreendente para consumir com queijos. 5,5% de graduação alcoólica. Onde comprar/ degustar:www.puromalte.com.br
Backer Brown – É elaborada com maltes torrados e passa por um processo de alta fermentação. Em sua fórmula, recebe ainda aroma natural de chocolate, que confere aroma e sabor particulares. É indicada para acompanhar sobremesas, pratos fortes (como feijoada e defumados em geral) ou mesmo fazer companhia para um charuto. 4.5% de teor alcoólico. Onde comprar/ degustar:lojabacker.com.br
Double Chocolat – Produzida pela cervejaria inglesa Young’s, é uma stout elaborada com late de cacau e chocolate. Não deve ser consumida muito gelada (em torno de 12o). Onde comprar: Mr beer
Wells Banana Bread – Eis um caso de cerveja com fruta que não é uma Lambic. A Wells é uma cerveja inglesa feita com banana com 5.2% de teor alcoólico, classificada apenas como “fruit beer”. Onde degustar: Bar Brejas
Fullers Organic Honey Dew – Com mel orgânico em sua fórmula, foi desenvolvida para ser consumida em dias quentes e o fabricante sugere que tomá-la com gelo e limão. Tem cor dourada e creme denso e persistente. 5% de graduação alcoólica. Onde comprar: www.cervejagourmet.com
Kriek Boon – Uma típica Fruit lambic. É elaborada com cerejas inteiras maceradas (250g de fruta para cada litro, segundo o fabricante) e um blend de lambics jovens e envelhecidas. Tem 4% de teor alcoólico e sabor intenso da fruta. Onde comprar/ degustar: Mr Beer
Liefmans Frambozenbier – De cor avermelhada escura, tem espuma de cor castanha persistente. É levemente cítrica e fácil de tomar – mas há quem a considere parecida com refrigerante. 4.5% de concentração alcoólica. Onde comprar/ degustar: Mr Beer
Onde encontrar em Vitória: Casa do Cervejeiro - Horto Mercado / http://www.wunderbarkaffee.com.br/ - http://twitter.com/kaffacafeteria
Liefmans Frambozenbier – De cor avermelhada escura, tem espuma de cor castanha persistente. É levemente cítrica e fácil de tomar – mas há quem a considere parecida com refrigerante. 4.5% de concentração alcoólica. Onde comprar/ degustar: Mr Beer
Onde encontrar em Vitória: Casa do Cervejeiro - Horto Mercado / http://www.wunderbarkaffee.com.br/ - http://twitter.com/kaffacafeteria
Onde encontrar em Vitória: Casa do Cervejeiro - Horto Mercado / http://www.wunderbarkaffee.com.br/ - http://twitter.com/kaffacafeteria
Fonte: Marina Fuentes, especial para o iG São Paulo |
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