Pelo que se sabe, a primeira receita do coquetel levava duas partes do vermute italiano Martini & Rossi, uma parte do gin Old Tom, duas gotas de licor de maraschino, uma gota de um bitter (tipo Angostura), era agitado e servido com uma casca de limão. Desde então, nenhum outro coquetel teve tantas alterações e preferências em sua receita quanto ele. Em 1939, o rei britânico George VI e o presidente americano Franklin Delano Roosevelt discutiam a guerra que se aproximava bebendo martinis; Frank Sinatra era um fã declarado, assim como outros bons bebedores como Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Dorothy Parker, E.B.White…. Cada um deles, provavelmente, com uma receita diferente.
Qual o melhor dry Martini? Deve levar gin ou vodca? E quanto de vermute? Azeitona ou uma casca de limão? Agitado ou mexido? Por quanto tempo e com quanto gelo?
Há algumas semanas aconteceu em São Paulo um concurso mundial de bartenders e foi feita pela Coluna Comidinhas dom site IG uma entrevista com um especialista no assunto, o barman e também embaixador global do gim Tanqueray, Angus Winchester. Como ele é parte interessada no assunto, já cortou logo de cara a primeira pergunta: “Dry Martini é com gin; com vodca é o vodca Martini, ele pode ser o seu favorito, mas é outra bebida”. Vamos a entrevista completa.
Qual o melhor dry Martini? Deve levar gin ou vodca? E quanto de vermute? Azeitona ou uma casca de limão? Agitado ou mexido? Por quanto tempo e com quanto gelo?
Há algumas semanas aconteceu em São Paulo um concurso mundial de bartenders e foi feita pela Coluna Comidinhas dom site IG uma entrevista com um especialista no assunto, o barman e também embaixador global do gim Tanqueray, Angus Winchester. Como ele é parte interessada no assunto, já cortou logo de cara a primeira pergunta: “Dry Martini é com gin; com vodca é o vodca Martini, ele pode ser o seu favorito, mas é outra bebida”. Vamos a entrevista completa.
Comidinhas: Qual o melhor dry Martini?
Angus Winchester: O melhor dry Martini não tem a ver com uma receita. Eu posso dar uma e até vou preparar uma hoje pra você. Mas ele tem mais a ver com uma boa conversa. Quando estou em um bar e alguém me pede um dry Martini, tem quatro perguntas que eu preciso fazer:
Angus Winchester: O melhor dry Martini não tem a ver com uma receita. Eu posso dar uma e até vou preparar uma hoje pra você. Mas ele tem mais a ver com uma boa conversa. Quando estou em um bar e alguém me pede um dry Martini, tem quatro perguntas que eu preciso fazer:
1) Quais são os ingredientes que você quer nele?
Qual marca de gin e de vermute você gosta. Hoje há dezenas delas. O gin, por exemplo, que nos últimos 20 anos ficou bem esquecido e perdeu espaço para a vodca, agora está voltando à moda. Mas, por conta disso, há uma grande variedade dele, alguns mais secos, outros mais frutados. Algumas marcas começaram a diminuir muito a quantidade de zimbro, arbusto que é a base do gim, mas que não agrada a todos os paladares. E aumentar a quantidade de frutas e ervas. Há até gin com coco.
Qual marca de gin e de vermute você gosta. Hoje há dezenas delas. O gin, por exemplo, que nos últimos 20 anos ficou bem esquecido e perdeu espaço para a vodca, agora está voltando à moda. Mas, por conta disso, há uma grande variedade dele, alguns mais secos, outros mais frutados. Algumas marcas começaram a diminuir muito a quantidade de zimbro, arbusto que é a base do gim, mas que não agrada a todos os paladares. E aumentar a quantidade de frutas e ervas. Há até gin com coco.
2) Agitado ou mexido?
Dependendo da escolha, o sabor será muito diferente e interfere sim. Porque o coquetel deve estar devidamente gelado. Algumas pessoas apenas colocam todos os ingredientes juntos e deixam repousar. Tem gente que já faz com nitrogênio líquido e vira uma pipoca de dry Martini…
Dependendo da escolha, o sabor será muito diferente e interfere sim. Porque o coquetel deve estar devidamente gelado. Algumas pessoas apenas colocam todos os ingredientes juntos e deixam repousar. Tem gente que já faz com nitrogênio líquido e vira uma pipoca de dry Martini…
3) O quão seco você gosta?
Você quer um vermute mais seco, mais doce ou um dry muito seco (com muito pouco vermute) ou um meio a meio… São tantas as variações.
Uma vez, eu estava em Londres e uma amiga estava em Los Angeles. Ela me telefonou e pediu para eu dizer pelo telefone a palavra “vermute”. Eu disse. Aí ela agradeceu e disse que essa era a quantidade perfeita de vermute no seu dry: alguém o mais distante possível dizer a palavra vermute enquanto ela bebia seu coquetel, totalmente feito com gin.
Você quer um vermute mais seco, mais doce ou um dry muito seco (com muito pouco vermute) ou um meio a meio… São tantas as variações.
Uma vez, eu estava em Londres e uma amiga estava em Los Angeles. Ela me telefonou e pediu para eu dizer pelo telefone a palavra “vermute”. Eu disse. Aí ela agradeceu e disse que essa era a quantidade perfeita de vermute no seu dry: alguém o mais distante possível dizer a palavra vermute enquanto ela bebia seu coquetel, totalmente feito com gin.
4) A quarta questão é a que eu chamo de “questão Charles Dickens”: azeitona ou casca de uma fruta cítrica?
De novo, um milhão de combinações: azeitonas negras ou verdes. Eu recebo 55 tipos de azeitonas para um Martini. Twist de limão, de grapefruit…?
De novo, um milhão de combinações: azeitonas negras ou verdes. Eu recebo 55 tipos de azeitonas para um Martini. Twist de limão, de grapefruit…?
Enfim, é uma longa conversa, uma cerimônia. Há um bar em Barcelona que se orgulha de já ter servido 1 milhão de martinis. Quando você vai ao bar, ganha o certificado do seu. E é isso mesmo, milhares de possibilidades.
Comidinhas: Mas James Bond pedia dry Martini com vodca…
Angus Winchester: Se você ler os livros, vai saber que James Bond era um grande bebedor, de tudo: gin, vodca, Bourbon. No filme é que surgiu essa história de só beber Martini com vodca.
Angus Winchester: Se você ler os livros, vai saber que James Bond era um grande bebedor, de tudo: gin, vodca, Bourbon. No filme é que surgiu essa história de só beber Martini com vodca.
Comidinhas: E dry Martini é bebida para mulheres? Há quem estranha quando uma mulher pede um dry.
Angus Winchester: Existe uma piada que diz que os bebedores realmente sérios de Martini têm apreço a três artes: pesca, jogos de caçadas e beber Martini. Mas, falando sério, o dry Martini é uma bebida com tanto sabor e nenhum açúcar que é sério não apenas para os homens, é o rei dos coquetéis. E eu respeito mulheres que apreciam um Martini.
Angus Winchester: Existe uma piada que diz que os bebedores realmente sérios de Martini têm apreço a três artes: pesca, jogos de caçadas e beber Martini. Mas, falando sério, o dry Martini é uma bebida com tanto sabor e nenhum açúcar que é sério não apenas para os homens, é o rei dos coquetéis. E eu respeito mulheres que apreciam um Martini.
Comidinhas: E qual o seu dry Martini perfeito?
Angus Winchester: Duas parte de gin Tanqueray 10, o gin premium da Tanqueray, que leva bastante zimbro, como um gin deve ser, mas é também bem cítrico, com laranja, grapefruit e lima. Uma parte de vermute, gosto do Noilly Prat. Mexido, com muito gelo. Quantas vezes eu mexo? Algumas até sentir que a bebida está gelada. Não gosto de copos de dry Martini muito grandes, gosto dos pequenos ou medianos, porque conseguem manter o coquetel gelado e isso é um dos segredos. Não gosto de azeitonas, então pego uma casquinha de grapefruit e torço-a duas vezes sobre a bebida, depois esfrego na haste do copo, para que minha mão entre em contato com esse cítrico e libere mais aromas. E meu dry Martini fica em tons de amarelo. Quer saber por que? Um tanto por conta do Tanqueray 10. Mas principalmente por isto:
Angus Winchester: Duas parte de gin Tanqueray 10, o gin premium da Tanqueray, que leva bastante zimbro, como um gin deve ser, mas é também bem cítrico, com laranja, grapefruit e lima. Uma parte de vermute, gosto do Noilly Prat. Mexido, com muito gelo. Quantas vezes eu mexo? Algumas até sentir que a bebida está gelada. Não gosto de copos de dry Martini muito grandes, gosto dos pequenos ou medianos, porque conseguem manter o coquetel gelado e isso é um dos segredos. Não gosto de azeitonas, então pego uma casquinha de grapefruit e torço-a duas vezes sobre a bebida, depois esfrego na haste do copo, para que minha mão entre em contato com esse cítrico e libere mais aromas. E meu dry Martini fica em tons de amarelo. Quer saber por que? Um tanto por conta do Tanqueray 10. Mas principalmente por isto:
“There is something about a Martini,
A tingle remarkably pleasant;
A yellow, a mellow Martini;
I wish I had one at presente.
There is something about a Martini,
Ere the dining and dancing begin,
And to tell you the truth,
It is not the vermouth _
I think that perhaps it´s the gin”
A tingle remarkably pleasant;
A yellow, a mellow Martini;
I wish I had one at presente.
There is something about a Martini,
Ere the dining and dancing begin,
And to tell you the truth,
It is not the vermouth _
I think that perhaps it´s the gin”
(“A Drink with Something in It”, do poeta Ogden Nash)
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